segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Gafia de coral

 
 
                                                              «Ia e vinha 
  e a cada coisa perguntava
                                                                                que nome tinha.»  (1)

Grafia de coral procura ser um elogio à leitura e um louvor aos livros. Nas palavras inventamos um conjunto de caminhos, a possibilidade de descobrir sinais que se possam fundir com as linhas do universo, as margens dos rios, os sinais coloridos dos oceanos e a paisagem nómada das nuvens. Só conhecemos o que nomeamos, o que soubermos definir como um som, um signo, ou uma grafia de algo que nos absorve no real, nos espanta na imaginação pelo que queremos apontar, como um jogo de criança em tardes de assombro. 
Grafia de coral procura ser um espaço para falar da leitura como processo cultural, como aprendizagem, como sublevação de interiores para a conquista de mundos desenhados na esperança, ou no tumulto de ondas nas janelas, como as que sopram em cada um, como um vento de dias brancos. O livro é a mais bela invenção da humanidade. Neles surgem os momentos épicos de uma canção que podemos cantar, como um espaço da memória. Eles guardam os sonhos sonhados pelos que vivem aqui ao nosso lado, e pelos que nas cortinas das sombras de tempos apagados ainda subsistem pela eternidade.
Grafia de coral procura ser um espaço para falar de uma divindade, onde ainda eles estão disponíveis para o nosso consolo, como um paraíso, nas palavras de Borges. Justamente as Bibliotecas e com elas outras dimensões do livro, as livrarias e as geografias da leitura. É apenas uma dedicação com e pelos livros e, como todas as que transportam uma energia são fruto do que se ama e do que porventura se perde nessa lucidez à procura de elementos de uma geografia diversa como a humanidade.
 
(1) "Coral" , in Obra Poética /  Sophia de Mello Breyner Andresen. Alfragide: Caminho, 2010.
 

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