Os livros são um dos objetos primordiais do que podemos chamar uma civilização. Com eles guardamos a memória e as inquietações anteriores a nós, mas também como eles descobrimos que eles nos fazem pensar melhor, afinal que podemos evoluir como pessoas, como sociedade. Apesar dos múltiplos ecráns estamos muito sós, nas palavras que queremos dizer, na voz que não se ouve. Palavras reescritas de uma respiração que se escuta mal sob um domínio, um ruído dominante dos media e de um poder formatado para os lugares comuns.
É na
leitura que nos descobrimos, que verificamos que valores nos conduzem,
que formas de encontro conseguimos estabelecer com os outros. Os livros
que lemos dizem muito das pessoas que conseguimos ser, dos conhecimentos
que multiplicamos nas ideias que apreendemos e da perceção que temos do
mundo e de nós próprios.
Os
livros são muito diversos, pois constrõem continentes de emoções,
geografias de sentimentos, formas de ser, modos de pensar e de construir
o mundo e são por isso um património de um profundo enriquecimento
pessoal. Com eles fazemos viagens ligando o passado e o presente, numa
ideia de algo a construir, a sonhar, embora nunca lá estejamos, esse
futuro por viver. Eles, são por isso, os caminhantes de ideias e
lugares, por onde passámos e onde eles chegarão. Com eles vivemos a
possível eternidade.
Os
livros emergem com as palavras e ao nomeá-las, estamos a dar-lhes a
substância de existirem, mesmo que se refiram ao que não temos, mesmo
que sejam os sonhos antes dos sonhos, a respiração de ver o que se ama.
Os livros e a leitura confirmam essa possibilidade maior de aceitarmos
em partilha as vozes que nos chamam para o reconhecimento múltiplo da
humanidade.

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